Racismo estrutural e desigualdade social no Brasil

possibilidades de enfrentamento a partir do cooperativismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9732/2024.V129.1117

Palavras-chave:

Cooperativismo Negro; Desigualdades; Direitos Humanos; Racismo.

Resumo

O racismo persiste como principal engrenagem que reproduz e agrava as desigualdades sociais no Brasil, impondo à sua população, de maioria negra, graves iniquidades em relação ao bem-estar e a qualidade de vida, em razão da sua dimensão estrutural. O racismo promove disparidades econômicas que persistem em pleno século XXI, evidenciando uma clara segregação nas atividades econômicas e na justa remuneração, tanto que, aos negros, notadamente às mulheres negras, seguem reservadas atividades de menor remuneração como, por exemplo, o emprego doméstico. Por sua vez o cooperativismo negro tem uma importante história de sucesso como instrumento de enfrentamento do racismo e emerge como uma proposta para o protagonismo negro. Assim, o presente artigo visa analisar a importância do cooperativismo como instrumento de enfrentamento das desigualdades sociais decorrentes do racismo, notadamente no mercado de trabalho. Para tanto, foi realizado o levantamento de estudos existentes acerca da história do cooperativo negro nos EUA e no Brasil. Como resultado foi constatada a importância do cooperativismo para o movimento negro no enfrentamento ao racismo, em especial na organização do trabalho, comércio e educação. Desta forma, foi confirmada a necessidade de avançar no desenvolvimento e incremento de cooperativas negras. Neste artigo empregou-se uma abordagem qualitativa mediante a técnica de revisão bibliográfica através do método hipotético-dedutivo.

Biografia do Autor

Anna Paula Bagetti Zeifert, UNIJUI

Pós-Doutorado pelo Colégio Latino-Americano de Estudos Mundiais - UNB/FLACSO
Brasil. Doutora em Filosofia (PUCRS). Professora do Programa de Pós-Graduação
Stricto Senso em Direito e do Curso de Graduação em Direito da UNIJUÍ. Integrante do
Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Justiça Social e Sustentabilidade (CNPq).
Pesquisadora FAPERGS ARD/ARC (2023-2025), projeto de pesquisa. “Determinantes
Multidimensionais da Pobreza e da Fome no Brasil e na Argentina: estudo Comparado
sobre o Alcance dos Programas de Desenvolvimento e Assistência Social na Superação
das Situações de Vulnerabilidades”. Coordenadora do Observatório de Direitos
Humanos (Projeto de Extensão-PPGD/UNIJUI).

Miquel Angelo Dezordi Wermuth, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI)

Pós-Doutorando em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (2014). Mestre em Direito pela UNISINOS (2010). Pós-graduado em Direito Penal e Direito Processual Penal pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ (2008). Graduado em Direito pela UNIJUÍ (2006). Coordenador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado) em Direito da UNIJUÍ. Professor-pesquisador do Programa de Pós-graduação em Direito da UNIJUÍ. Professor do Curso de Graduação em Direito da UNIJUÍ. Membro Titular do Comitê de Assessoramento de Ciências Humanas e Sociais da FAPERGS (2022-2024). Coordenador da Rede de Pesquisa Direitos Humanos e Políticas Públicas (REDIHPP) e líder do Grupo de Pesquisa Biopolítica e Direitos Humanos (CNPq). Membro da equipe de pesquisadores do Projeto "Direitos Humanos dos Migrantes e dos Refugiados", vinculado ao Grupo de Investigação Dimensions of Human Rights do Instituto Jurídico Portucalense, da Universidade Portucalense, Porto, Portugal. Membro da Rede Brasileira de Pesquisa Jurídica em Direitos Humanos (UNESC, UNIRITTER, UNIJUÍ, UFMS, PUC-CAMPINAS, UNIT, UNICAP, CESUPA, UFPA). 

Gilson Ely Chaves de Matos, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI)

Doutorando em Direito pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito -
Mestrado e Doutorado em Direitos Humanos - da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. Mestre em Direito pelo Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Direito - Mestrado e Doutorado em Direitos Humanos - da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ.
Faculdade FAVOO(Coop). Brasil. Advogado.

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Publicado

2024-12-31

Como Citar

Bagetti Zeifert, A. P., Dezordi Wermuth, M. A. ., & Chaves de Matos, G. E. (2024). Racismo estrutural e desigualdade social no Brasil: possibilidades de enfrentamento a partir do cooperativismo. Revista Brasileira De Estudos Políticos, 129. https://doi.org/10.9732/2024.V129.1117

Edição

Seção

Artigos