Racismo estrutural e desigualdade social no Brasil
possibilidades de enfrentamento a partir do cooperativismo
DOI:
https://doi.org/10.9732/2024.V129.1117Palavras-chave:
Cooperativismo Negro; Desigualdades; Direitos Humanos; Racismo.Resumo
O racismo persiste como principal engrenagem que reproduz e agrava as desigualdades sociais no Brasil, impondo à sua população, de maioria negra, graves iniquidades em relação ao bem-estar e a qualidade de vida, em razão da sua dimensão estrutural. O racismo promove disparidades econômicas que persistem em pleno século XXI, evidenciando uma clara segregação nas atividades econômicas e na justa remuneração, tanto que, aos negros, notadamente às mulheres negras, seguem reservadas atividades de menor remuneração como, por exemplo, o emprego doméstico. Por sua vez o cooperativismo negro tem uma importante história de sucesso como instrumento de enfrentamento do racismo e emerge como uma proposta para o protagonismo negro. Assim, o presente artigo visa analisar a importância do cooperativismo como instrumento de enfrentamento das desigualdades sociais decorrentes do racismo, notadamente no mercado de trabalho. Para tanto, foi realizado o levantamento de estudos existentes acerca da história do cooperativo negro nos EUA e no Brasil. Como resultado foi constatada a importância do cooperativismo para o movimento negro no enfrentamento ao racismo, em especial na organização do trabalho, comércio e educação. Desta forma, foi confirmada a necessidade de avançar no desenvolvimento e incremento de cooperativas negras. Neste artigo empregou-se uma abordagem qualitativa mediante a técnica de revisão bibliográfica através do método hipotético-dedutivo.
Referências
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
ANJOS, Eliene Gomes dos; SILVA, Fabiane de Lima; PEREIARA, Edilene Machado. Um olhar sobre o trabalho em cooperativas da economia solidária e a intersecção com as questões de gênero e raça. Revista de Extensão e Estudos Rurais. Viçosa: UFV, v. 7, n. 1, p. 94-117, jan./jun. 2018.
BRASIL, Superior Tribunal do Trabalho (3. Turma). Agravo de Instrumento no Recurso de Revista n. 597-15.2020.5.06.0021. Recorrente: Sergio Hacker Corte Real e outro. Recorrido: Ministério Público do Trabalho. Relator: Ministro Alberto Bastos Balazeiro. 28 de junho de 2023.
CARDOSO, Lourenço. A branquitude acrítica revisitada e as “críticas”. In: MULLER, Tânia Mara Pedroso; CARDOSO, Loureço. Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Curitiba: Appris, 2017, p. 33-52.
CARVALHO, Antonio Ivo de. Determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde. In: FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030 - prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro: população e perfil sanitário [online]. Rio de Janeiro: Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2013. Vol. 2. pp. 19-38. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/determinantes%20sociais%20(1).pdf. Acesso em: 30.05.2023.
DIEESE. DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Trabalho doméstico: infográfico 2023. Disponível em https://www.dieese.org.br/infografico/2023/trabalhoDomestico2023.html. Acesso em: 12/07/2023.
FORBES. Afrodescendentes têm crédito três vezes mais negado por instituições financeiras. Disponível em: https://forbes.com.br/principal/2020/07/afrodescendentes-tem-credito-tres-vezes-mais-negado-por-instituicoes-financeiras-diz-nina-silva-sobre-empreendedores-negros/. Acesso em: 16 out. 2023.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf. Acesso em: 16/10/2023.
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: Curso no Collège de France (1975-1976). 2. ed., São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil. Estudos e pesquisas, informação demográfica e socioeconômica, n. 41. Brasília, DF: IBGE, 2019. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf. Acesso em 12/07/2023.
JESUS, Camila Moreira de. A persistência do privilégio da brancura: notas sobre os desafios na construção da luta antirracista. In: MULLER, Tânia Mara Pedroso; CARDOSO, Loureço. Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Curitiba: Appris, 2017, p. 69-89.
LIMA, Alexandre Bonetti. O Racismo Nosso de cada Dia: contradições de uma sociedade que se apresenta racialmente democrática. In: Athenea Digital, 21(1), e2734, mar/2021.
LOPES, Ivonete da Silva.; COSTA, Bianca Aparecida Lima; SILVA, Guilherme Luis Rosa da; OLͬDIA, Camila. Cooperativismo e objetivos de desenvolvimento sustentável: agenda para equidade racial e de gênero. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, [S. l.], v. 18, n. 3, p. 75-85, 2022. Disponível em: https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/6246. Acesso em: 7 jun. 2023.
MARTINS, Racquel Valério; MELO, Renato Alves Vieira de. Educação como direito fundamental: uma poderosa arma dos índios e negros de Aquiraz-CE, na busca da igualdade e não discriminação. Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos. n. 15, p. 309-323, 15 dez 2015.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução Renata Santini. São Paulo: N-1, 2018.
NEMBHARD, Jessica Gordon. Cooperative ownership in the struggle for African American economic empowerment. Humanity and Society, v. 28, n. 3, p. 298-321, Aug. 2004.
PEREIRA, Amilcar Araújo. “O Mundo Negro”: a constituição do movimento negro contemporâneo no Brasil (1970-1995). 2010. 268f. Orientador: Hebe Maria Mattos. 2010. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010.
PINTO, Ana Flávia Magalhães. Fortes laços em linhas rotas: literatos negros, racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. 2014. 350f. Orientador: Sidney Chalhoub. 2014. Tese (Doutorado em História) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2014.
REYNOLDS, Bruce J. A history of african-american farmer cooperatives, 1938-2000. AgEcon Search. Washington, DC: USDA/RBS, 2001. Disponível em: https://ageconsearch.umn.edu/record/31817?ln=en. Acesso em: 13/07/2023.
SANTOS, Ivone Laurentino dos. Igualdade, equidade e justiça na saúde à luz da bioética. Revista Bioética, Brasília, v. 28, n. 2, p. 229-238, abr./jun. 2020.
SILVA, Priscila Elisabete da. O conceito de branquitude: reflexões para o campo de estudo. In: Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. Organizadores: Tânia Mara Pedroso Muller e Loureço Cardoso. Curitiba: Appris, 2017, p. 19-32.
THEODORO, Mário. A sociedade desigual: Racismo e branquitude na formação do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2022.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Brasileira de Estudos Políticos o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution. Essa licença permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, desde que sem fins comerciais.
É permitido ainda que outros distribuam, adaptem e criem a partir do seu trabalho, sem fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
The authors maintain the copyright and grant the Brazilian Journal of Political Studies the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License. This license allows the sharing of the work with authorship recognition and initial publication in this journal, as long as it is not for commercial purposes.
It is also allowed that others distribute, adapt and create from their work, without commercial purposes, as long as they attribute due credit for the original creation.
Authors are allowed to enter into additional contracts separately for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publish in an institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and initial publication in this journal.
Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online after the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of the published work.