Juscorporativismo: os juízes e o judiciário na Assembleia Nacional Constituinte
Resumo
Este trabalho registra a centralidade da mobilização corporativa da magistratura na definição do desenho institucional da função judicial na Constituição Federal de 1988. A ampla participação da magistratura nos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte foi fundamental para a transformação da imagem e do papel político do Poder Judiciário no Brasil. Para tanto, foram mapeadas todas as referências ao Poder Judiciário mencionadas em oito jornais de grande circulação durante o processo constituinte (1986-1988), destacando como a atuação de juízes, ministros e associações de classe representou características da autocompreensão da magistratura acerca de suas atribuições. Em seguida, registrou-se como tal representação era avaliada por outros observadores do processo constituinte, entre juristas e jornalistas. O resultado do levantamento aponta que a prevalência de posturas corporativistas contra algumas das iniciativas de alteração normativa, em especial a da criação de um controle externo à atividade da magistratura, reduzem as expectativas de atuação imparcial da função judicial e indica limites para uma descrição do papel político-institucional do Poder Judiciário a partir do perfil corporativo da magistratura nacional.
Referências
Ackerman, Bruce (1991). We the people, foundations. Cambridge: The Belknap Press of Havard University Press.
AJURIS – Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (1985). O Poder Judiciário e a Nova Constituição. Conferências proferidas durante o curso de aperfeiçoamento para juízes de direito do Estado do Rio Grande do Sul, realizado em Porto Alegre, de 27 a 31 de maio de 1985. Porto Alegre: Escola Superior de Magistratura.
Almeida, Frederico (2010). “A Nobreza Togada: as elites jurídicas e a política da justiça no Brasil”. Tese de Doutorado em Ciência Política. São Paulo: Universidade de São Paulo.
Benvindo, Juliano Zaiden (2016). “The Seeds of the Change: popular protests as constitutional moments” In: Marquette Law Review. n. 99 (forthcoming).
Bierrenbach, Flavio (1986). Quem tem medo da Constituinte. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
BRASIL. Diário da Assembleia Nacional Constituinte. 05 de novembro de 1987.
Cabral, Bernardo (2008). A palavra do relator. Ontem, há vinte anos. Revista de informação legislativa. Brasília ano 45, n. 179, jul./set., pp. 81-88.
Carvalho, Alexandre (2012). Efeito Vinculante e Concentração da Jurisdição Constitucional no Brasil. Brasília: Consulex.
Carvalho Neto, Ernani Rodrigues (2007). A Ampliação dos Legitimados na Constituinte de 1988: revisão judicial e judicialização da política. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo Horizonte. nº 96 (julho./dez.) p. 293-325.
Carvalho, José Murilo de (2008). Cidadania no Brasil: o longo caminho. 10ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Comparato, Fábio Konder (1986). “Por que não a soberania dos pobres?” In: Constituinte e Democracia no Brasil hoje (Comparato; Dallari & Emir Sader – orgs.). São Paulo: Editora Brasiliense, pp. 85-109.
Corrêa, Oscar Dias (1986). A Crise da Constituição, a Constituinte, e o Supremo Tribunal Federal. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Costa, Alexandre; Carvalho, Alexandre & Farias, Felipe (2016). “Controle de constitucionalidade no Brasil: eficácia das políticas de concentração e seletividade” In: Direito GV. v. 12, n. 1, jan./abr., pp. 155-187.
Engelmann, Fabiano (2009). “Associativismo e Engajamento Político dos Juristas após a Constituição de 1988” In: Política Hoje. v. 18, n.2, pp. 184-205.
Engelmann, Fabiano & Penna, Luciana (2014). “Política na Forma da Lei: o espaço dos constitucionalistas no Brasil democrático” In: Lua Nova. n. 92, pp. 177-206.
Faoro, Raymundo (1987). “Constituinte ou Congresso com Poderes Constituintes” In: Constituição e Constituinte (Faoro; Ferraz Jr., Bandeira de Mello & outros). São Paulo: Revista dos Tribunais.
Ferraz Jr., Tércio Sampaio (1986). Constituinte: Assembleia, Processo, Poder. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Ferreira Filho, Manoel Gonçalves (1985). “O Estado de Direito, o Judiciário e a Nova Constituição” In: Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, v. 160, abr./jun., pp. 61-76.
Fernandes, Florestan (1989). A Constituição Inacabada: vias históricas e significado político. São Paulo: Estação Liberdade.
Fleischer, David (1987). Um Perfil Sócio-Econômico, Político e Ideológico da Assembleia Constituinte de 1987. Trabalho apresentado ao XI Encontro Anual da ANPOCS.
Grau, Eros (1985). A Constituinte e a Constituição que teremos. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Hirschl, Ran (2007). Towards Juristocracy: the origins and consequences of the new constitutionalism. Cambridge: Havard University Press.
Koerner, Andrei & Freitas, Lígia (2013). “O Supremo na Constituinte e a Constituinte no Supremo”. Lua Nova. São Paulo, 88: 141-184.
Maciel, Débora & Koerner, Andrei (2014). “O Processo de Reconstrução do Ministério Público na Transição Política (1974-1985)” In: Debates. v. 8, n. 3, set./dez, pp. 97-117.
Paixão, Cristiano & Barbosa, Leonardo (2008). “Cidadania, Democracia e Constituição: o processo de convocação da Assembleia Nacional Constituinte de 1987-88” In: Pereira, Flávio Henrique Unes & Dias, Maria Tereza Fonseca (org.). Cidadania e Inclusão Social: estudos em homenagem à professora Miracy Barbosa de Sousa Gustin. Belo Horizonte: Fórum, pp. 121-132.
Pinto Ferreira, Luiz (1987). Comissão Afonso Arinos: caderno n. 12. Recife: Faculdade de Direito de Pernambuco - SOPECE.
Pécaut, Daniel (1990). Os Intelectuais e a Política no Brasil: entre o povo e a nação. São Paulo: Ática.
Pinheiro, Paulo Sérgio (1987). “A cidadania das classes populares, seus instrumentos de defesa e o processo constituinte” In: Constituinte e Democracia no Brasil hoje (Comparato; Dallari & Emir Sader – orgs.). São Paulo: Editora Brasileiense, pp. 54-68.
Reale, Miguel (1989). “Estrutura da Constituição de 1988” In: Revista de Direito Administrativo. Rio de Janeiro, v. 175, jan./mar., pp. 1-8.
Reale Jr., Miguel (1990). Constituinte: uma sociedade em busca de si mesma. São Paulo: Serviço Social da Indústria.
Sadek, Maria Tereza (2006). Magistrados: uma imagem em movimento. Rio de Janeiro: Editora FGV.
Saldanha, Nelson (1986). O Poder Constituinte. São Paulo: Revista dos Tribunais.
Vianna, Luiz Werneck; Carvalho, Maria; Melo, Manuel & Burgos, Marcelo (1997). Corpo e Alma da Magistratura Brasileira. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan.
Vieira, José Ribas (1988). “O Corporativismo e o Poder Judiciário: uma reflexão”. Trabalho apresentado no XII Encontro Anual da ANPOCS. Águas de São Pedro.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Brasileira de Estudos Políticos o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution. Essa licença permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, desde que sem fins comerciais.
É permitido ainda que outros distribuam, adaptem e criem a partir do seu trabalho, sem fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
The authors maintain the copyright and grant the Brazilian Journal of Political Studies the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License. This license allows the sharing of the work with authorship recognition and initial publication in this journal, as long as it is not for commercial purposes.
It is also allowed that others distribute, adapt and create from their work, without commercial purposes, as long as they attribute due credit for the original creation.
Authors are allowed to enter into additional contracts separately for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publish in an institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and initial publication in this journal.
Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online after the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of the published work.