Indutivismo e Ciência do Direito

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9732/2021.v123.733

Resumo

Muitas vezes os juristas consideram científico o seu saber e o seu fazer sobre normas jurídicas – a chamada dogmática jurídica ou Ciência do Direito. Isso é feito sem maiores problematizações, como se o caráter científico fosse um dado, uma obviedade, um truísmo. O conceito de ciência, por sua vez, é o objeto principal de uma disciplina do saber filosófico: a Filosofia da Ciência. No presente artigo, pretendo compreender o que é ciência segundo uma das respostas tradicionais dadas a essa questão: a indutivista. Em seguida, pretendo refletir se, e em que medida, a resposta indutivista, suas características e seus limites se relacionam com a Ciência do Direito. Para isso, realizei pesquisa teórica e bibliográfica cujo ponto de partida residiu em referencial da própria Filosofia da Ciência. Foram examinadas, sistematizadas e confrontadas diferentes fontes com o intuito de identificar as posições mais consistentes. Dentre os principais resultados, encontram-se: exposição do indutivismo ingênuo e de seus problemas, do indutivismo probabilístico e do papel da teoria na observação; síntese das características principais da Ciência do Direito; reflexão crítica sobre como o indutivismo se aplica à Ciência do Direito e sobre o caráter dessa última.

Referências

Referências

BALEEIRO, Aliomar; DERZI, Misabel Abreu Machado. Direito Tributário Brasileiro. 12 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 2004.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Embargos de Divergência em Recurso Especial 841587, Relator Ministro Benedito Gonçalves, Brasília, Diário da Justiça Eletrônico, 24 de mar. 2010.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 931727, Relator Ministro Luiz Fux, Brasília, Diário da Justiça Eletrônico, 14 de sep. 2009.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 447, Relator Ministro Octavio Gallotti, Brasília, Diário da Justiça, 5 de mar. 1993.

BRAINDEN.COM. Face illusions. Braindem.com – brain teasers for kids and adults, s.d. Disponível em: http://brainden.com/face-illusions.htm. Acesso em: 1 ago. 2014.

BREWER, William F.; LAMBERT, Bruce L. The Theory-Ladenness of Observation and the Theory-Ladenness of the Rest of the Scientific Process. Philosophy of Science, v.68, p.176-186, 2001.

BUSTAMANTE, Thomas da Rosa. Argumentação contra legem: a teoria do discurso e a justificação jurídica nos casos mais difíceis. Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto [entrevistado]; YASSINE, Amena; LOPES, Filipe Abbott Galvão Sobreira; VELLOSO, Pedro [entrevistadores]. Revolucionar a Corte Internacional de Justiça. Pour quoi pas?. Juca – A revista dos alunos do Instituto Rio Branco, n.3, Ano 3, p.12-19, 2009. Disponível em <http://sistemas.mre.gov.br/kitweb/datafiles/JucaIrbr/pt-br/file/Edi%C3%A7%C3%B5es/JUCA03.pdf>. Acesso em 2 jun. 2013.

CANÇADO TRINDADE, Antonio Augusto [entrevistado]; CONSELHO EDITORIAL da Revista dos Estudantes de Direito da UnB [entrevistadores]. Memórias do Prof. Cançado Trindade. Revista dos Estudantes de Direito da UnB, n.8, 2009. Disponível em <http://periodicos.unb.br/index.php/redunb/article/view/123>. Acesso em 2 jun. 2013.

CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 24 ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

CHALMERS, Alan Francis. O que é ciência, afinal? [What is this thing called science?]. Trad. Raul Filker. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1993 [1981].

CUBO DE NECKER. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2013. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Cubo_de_Necker&oldid=35072506. Acesso em: 18 jul. 2016.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 11 ed. São Paulo: LTr, 2012.

DEUTSCH, David. A new way to explain explanation (Subtitles and Transcript). TED (Technology, Entertainment, Design), Out. 2009. Disponível em: https://www.ted.com/talks/david_deutsch_a_new_way_to_explain_explanation/transcript. Acesso em: 07 ago. 2015.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – técnica, decisão, dominação. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

FOLSE, Henry. The Theory-Ladeness of Observation [lecture notes – “Introduction to Philosophy of Science”]. Loyola University New Orleans, 2005. Disponível em: http://www.loyno.edu/~folse/Hanson.html. Acesso em: 10 ago. 2015.

FRATTARI, Rafhael. O projeto de pesquisa e a iniciação científica em Direito. Meritum, v.9, n.1, p.231-263, jan./jun. 2014.

GUSTIN, Miracy Barbosa de Sousa; DIAS, Maria Tereza Fonseca. (Re)pensando a pesquisa jurídica. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.

HANSON, Norwood Russell. “Chapter I: Observation”. In: HANSON, Norwood Russell. Patterns of Discovery. Cambridge: Cambridge University Press, 1965. Disponível em: http://www.open.uwi.edu/sites/default/files/bnccde/PH29A/hanson .html. Acesso em: 10 ago. 2015.

HOYNINGEN-HUENE, Paul. “Why Is Football So Fascinating?”. In: RICHARDS, Ted (ed.). Soccer and Philosophy: beautiful thoughts on the beautiful game. Chicago: Open Court, 2010.

HUME, David. A Treatise of Human Nature. Oxford: Clarendon Press, 1960 [c. 1739–40].

IOWA STATE UNIVERSITY. Lyle Zynda’s “Introduction to the Philosophy of Science” – Lecture 1 – Introduction. Department of Sociology – Iowa State University, 1994. Disponible en: http://www.soc.iastate.edu/sapp/phil_sci_lecture01.html. Acceso en: 05 de ago. 2015.

LAKATOS, Imre. “Falsification and the Methodology of Scientific Research Programmes”. In: LAKATOS, Imre; MUSGRAVE, Alan. Criticism and the growth of knowledge. Cambridge: Cambridge University Press, 1974.

LOPES, Mônica Sette. Uma charada: a ciência, os métodos, a lei e o conflito. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, v.40, n.70, p.185-212, jul./dic. 2004.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 24 ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

MARTINS, Glayson Pereira. “Ceticismo epistemológico em Kirchmann”. In: LOPES, Mônica Sette (org.). O Direito e a ciência: tempo e métodos. Belo Horizonte: Movimento Editorial da Faculdade de Direito da UFMG, 2006.

NISSANI, Moti; HOEFLER-NISSANI, Donna M. Experimental studies of belief-dependence of observations and of resistance to conceptual change. Cognition and Instruction, v.9, p. 97-111, 1992. Disponível em: http://www.is.wayne.edu/MNISSANI/PAGEPUB/CCc&i.htm. Acesso em: 25 ago. 2015.

POPPER, Karl. The Logic of Scientific Discovery [Logik der Forschung]. New York: Routledge, 2005 [1935].

POPPER, Karl. Conjectures and Refutations: The Growth of Scientific Knowledge. New York: Basic Books, 1962.

RUSSELL, Bertrand. The problems of philosophy. Project Gutenberg, May 2, 2009 [1912]. Disponível em http://www.gutenberg.org/files/5827/5827-h/5827-h.htm. Acesso em 06 ago. 2015.

SALDANHA, Elza Roxane Álvares. Kirchmann e a negação do caráter científico da ciência do direito. Revista de Informação Legislativa, a.27, n.108, p.271-284, oct./dic. 1990.

SCHICKORE, Jutta. Scientific Discovery. Stanford Encyclopedia of Philosophy, Spring 2014. Disponível em: http://plato.stanford.edu/archives/spr2014/entries/scientific-discovery/. Acesso em: 07 ago. 2015.

SCHROEDER STAIRS. In: WIKIPEDIA, a free encyclopedia. Florida: Wikimedia Foundation, 2016. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Schroeder_stairs. Acesso em: 18 jul. 2016.

SINNOTT-ARMSTRONG, Walter; NETA, Ram. Think Again: How to Reason and Argue. Coursera.org, August / December 2015. Disponível em: https://class.coursera.org/thinkagain-006. Acesso em 9 dez. 2015.

SUMMERS, Robert F.; TARUFFO, Michele. “Interpretation and Comparative Analysis”. In: SUMMERS, Robert; MACCORMICK, Neil. Interpreting Statutes: a comparative study. Aldershot: Dartmouth, 1991.

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. FIL029 - Introdução à Filosofia: Filosofia da Ciência e Epistemologia 2019-1. [Online] disponível na Internet via WWW. Disponível em: http://www.fafich.ufmg.br/atendimento/ciclo-introdutorio-em-ciencias-humanas/programas-das-disciplinas-do-cich/programas-2019-1/FIL029%20-%20Int.%20Filosofia-Filosofia%20da%20Ciencia%20e%20Epistemologia%20%202019-1.pdf/view. Acesso em: 09 jul. 2019.

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. Ensino de Ciências: Contribuições da Epistemologia ECT 310001 2014-1. [Online] disponível na Internet via WWW. Disponível em: https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1002519/course/section/904887/PlanoEnsinoEpistemologia.pdf. Acesso em: 09 jul. 2019.

VEGA, Jesús. Las calificaciones del saber jurídico y la pretensión de racionalidad del derecho. DOXA – Cuadernos de Filosofía del Derecho, n. 32, p. 375-414, 2009.

VICKERS, John. The Problem of Induction. Stanford Encyclopedia of Philosophy, Spring 2016. Disponível em: http://plato.stanford.edu/archives/spr2016/entries/induction-problem/. Acesso em: 07 jul. 2016.

Downloads

Publicado

2021-12-31

Como Citar

Napoleão Alves, H. (2021). Indutivismo e Ciência do Direito. Revista Brasileira De Estudos Políticos, 123, 299-351. https://doi.org/10.9732/2021.v123.733

Edição

Seção

Artigos