(Autonomia do) Direito e desacordos morais
DOI:
https://doi.org/10.9732/rbep.v119i0.739Resumo
“Ações afirmativas são justas ou injustas?” “O aborto deve ser permitido ou proibido?” “O Estado deve intervir no que diz respeito à distribuição de renda?”; são muitas as perguntas que ilustram nossos constantes desacordos morais. Em sociedades (cada vez mais) fragmentadas e plurais, é natural que agentes com as mais diversas concepções acerca de conceitos, definições e proposições morais discordem entre si. Partindo desse pressuposto, e, através de uma revisão bibliográfica sob o “método” fenomenológico- -hermenêutico, tomando como base uma releitura (i) do diagnóstico de Alasdair MacIntyre quanto à natureza dos desacordos morais e (ii) das diferentes respostas de Ronald Dworkin e Jeremy Waldron com relação ao papel do Direito nesse cenário, o presente ensaio pretende investigar (i) em que medida os insights de MacIntyre acerca da filosofia moral podem também servir à filosofia jurídica e, com isso, (ii) qual é, de fato, o papel do Direito em face dos desacordos. A pesquisa aponta à ideia de que tanto a busca por uma resolução democrática dos desacordos quanto a melhor interpretação de nossa prática jurídica exigem um elevado grau de autonomia do Direito.
Referências
ALEXANDER, Larry. Precedent. In: PATTERSON, Dennis (ed.). A Companion to the Philosophy of Law and Legal Theory. Oxford: Blackwell, 1996, pp. 493-504.
AYER, A. J. Language, Truth and Logic. Londres: Penguin, 1990.
BAHIA, Alexandre; NUNES, Dierle. Crise da Democracia Representativa – Infidelidade Partidária e seu Reconhecimento Judicial. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 100, p. 57-84, jan./jun. 2010.
BALDWIN, Thomas. George Edward Moore. In: ZALTA, Edward N. (ed.) The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Summer 2010 Edition. Stanford, Metaphysics Research Lab, Stanford University. <https://plato.stanford.edu/archives/sum2010/entries/moore>. Acesso em 26 nov. 2018.
BARROSO, Luís Roberto. O Controle de Constitucionalidade no Direito Brasileiro. 7. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2015.
BARROSO, Luís Roberto; MELLO, Patrícia Perrone Campos; Trabalhando com uma nova lógica: a ascensão dos precedentes no direito brasileiro. Revista da AGU, Brasília, v. 15, n. 03, Editora Fórum, jul./set. 2016, pp. 09-52.
DE MORAIS, Fausto Santos. Ponderação e Arbitrariedade: a inadequada recepção de Alexy pelo STF. Salvador: Juspodivm, 2016.
DWORKIN, Ronald. A Matter of Principle. Cambridge: Harvard University Press, 1985.
_____________. Freedom’s Law: The Moral Reading of the American Constitution. Oxford: Oxford University Press, 2005.
_____________. Justice for Hedgehogs. Cambridge: Belknap Press, 2011.
_____________. Law’s Empire. Londres: Belknap Press, 1986.
_____________. Taking Rights Seriously. Cambridge: Harvard University Press, 1978.
ELLIOTT, E. Donald. INS v. Chadha: The Administrative Constitution, the Constitution, and the Legislative Veto. The Supreme Court Review, ano 1983, Chicago, University of Chicago Press, 1983, pp. 125-176.
FERREIRA NETO, Arthur Maria. Metaética e a Fundamentação do Direito. Porto Alegre: Elegantia Juris, 2015.
HARE, Richard M. The Language of Morals. Oxford: Clarendon Press, 1952.
LAMOND, Grant. Precedent and analogy in legal reasoning. In: ZALTA, Edward N. (ed.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Spring 2016 ed. Stanford: Metaphysics Research Lab, Stanford University, 2011. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2016/entries/legal-reas-prec/>. Acesso em 28 nov. 2018.
LOPES FILHO, Juraci Mourão; MAIA, Isabelly Cisne Augusto. O uso de precedentes estrangeiros e a declaração de Estado de Coisas Inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 117, pp. 219-273, jul./dez. 2018.
MACINTYRE, Alasdair. After Virtue: A Study in Moral Theory. Londres: Bloomsbury, 2007.
MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. ARENHART, Sérgio Cruz. O Novo Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
MOORE, G. E. Principia Ethica. Edição revisada, editada e introduzida por Thomas Baldwin. Cambridge: Cambridge University Press, 2002.
RAWLS, John. A Theory of Justice. Edição revisada. Cambridge: Belknap Press, 1999.
RIDGE, Michael. Moral Non-Naturalism. In: ZALTA, Edward N. (ed.) The Stanford Encyclopedia of Philosophy, Spring 2018 Edition. Stanford, Metaphysics Research Lab, Stanford University. <https://plato.stanford.edu/archives/spr2018/entries/moral-non-naturalism/>. Acesso em 26 nov. 2018.
STRECK, Lenio Luiz. Dicionário de Hermenêutica: quarenta temas fundamentais da Teoria do Direito à luz da Crítica Hermenêutica do Direito. Belo Horizonte: Casa do Direito, 2017a.
_____________. A diferença ontológica (entre texto e norma) como blindagem contra o relativismo no processo interpretativo: uma análise a partir de ontological turn. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 89, p. 121-160, jan./jun. 2004.
_____________. Hermenêutica e Possibilidades Críticas do Direito: Ensaio sobre a Cegueira Positivista. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 97, pp. 35-69, 2008.
_____________. Precedentes Judiciais e Hermenêutica: o sentido da vinculação no CPC/2015. Salvador: Juspodivm, 2018.
_____________. Verdade e Consenso: Constituição, Hermenêutica e Teorias Discursivas. 6. ed., revista, modificada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2017b.
TARUFFO, Michele. Aspetti del precedente giudiziale. Criminalia: Annuario di Scienze Penalistiche, Pisa, Edizioni ETS, 2014, pp. 37-57.
VICHINKESKI TEIXEIRA, Anderson; RADKE, Rafael Wagner. Habermas e a tentativa procedimental de superação da discricionariedade judicial. In: Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 115, pp. 81-108, jul./dez. 2017.
WALDRON, Jeremy. Can There Be a Democratic Jurisprudence? Emory Law Journal, Atlanta, vol. 58, 2009a, pp. 675-712.
_____________. The Core of the Case against Judicial Review. The Yale Law Journal, New Haven, vol. 115, 2009b, pp. 1346-1406.
_____________. Judges as Moral Reasoners. International Journal of Constitutional Law, Nova York, n. 07, 2009c, pp. 02-24.
_____________. Law and Disagreement. Oxford: Oxford University Press, 1999.
_____________. Moral Truth and Judicial Review. The American Journal of Jurisprudence, Nova York, vol. 43, 1998, pp. 75-97.
_____________. Refining the Question about Judges’ Moral Capacity. International Journal of Constitutional Law, Nova York, n. 07, 2009d, pp. 69-82.
_____________. The Rule of Law as a Theater of Debate. In: DWORKIN, Ronald; BURLEY, Justine (eds.). Dworkin and his Critics, with replies by Dworkin. Londres: Blackwell, 2004, pp. 319-336.
_____________. Stare Decisis and the Rule of Law: A Layered Approach. Michigan Law Review, Michigan, vol. 111, n. 01, 2012, pp. 01-32.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Brasileira de Estudos Políticos o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution. Essa licença permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, desde que sem fins comerciais.
É permitido ainda que outros distribuam, adaptem e criem a partir do seu trabalho, sem fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
The authors maintain the copyright and grant the Brazilian Journal of Political Studies the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License. This license allows the sharing of the work with authorship recognition and initial publication in this journal, as long as it is not for commercial purposes.
It is also allowed that others distribute, adapt and create from their work, without commercial purposes, as long as they attribute due credit for the original creation.
Authors are allowed to enter into additional contracts separately for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publish in an institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and initial publication in this journal.
Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online after the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of the published work.