Subjetivismo, Imunização e Personalidade:
questionamentos para o direito penal
DOI:
https://doi.org/10.9732/2023.V127.826Palavras-chave:
Esposito, Violência, Direito Penal, Subjetividade JurídicaResumo
O objetivo deste artigo reside em explorar o potencial teórico das investigações de Roberto Esposito sobre personalidade e imunização da comunidade para uma teorização da violência no contexto do direito penal. A pesquisa é conduzida a partir de duas indagações: de que maneira uma análise do paradigma imunitário, no contexto do direito penal, contribui para uma reflexão em torno das diferentes maneiras de constituição da subjetividade jurídica? Em que medida a categoria analítica de pessoa, expressando essa subjetividade, também traria consigo possibilidades de expropriação dessa mesma subjetividade no contexto do paradigma da imunização pensado por Esposito? A pesquisa investiga dinâmicas contemporâneas através das quais o Estado contorna as normas mencionadas, levando, inclusive, à expropriação da personalidade jurídica. A metodologia de pesquisa fora a de revisão de literatura.
Referências
ABDOLIAN, Lisa Finnegan; TAKOOSHIAN, Harold. The USA Patriot Act: Civil Liberties, the Media, and Public Opinion. Fordham Urban Law Journal, v. 30, n. 4, pp. 1429–1453, 2003.
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
AGAMBEN, Giorgio. O que resta de Auschwitz: o arquivo e a testemunha [Homo Sacer, III]. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008.
ARENDT, Hannah. The Origins of Totalitarianism. New York: A Harvest Book, 1979.
BORGES, Clara Maria Roman; OLCHANOWSKI, Nikolai. Abordagens do sistema penal a partir da obra de Roberto Esposito. Revista da Faculdade de Direito da UFPR, v. 63, n. 3, pp. 189-212, 2018.
BRANDÃO, Cláudio. A consciência da antijuridicidade no moderno Direito Penal. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 34, n. 136, pp. 55–62, 1997.
BRODT, Luís Augusto Sanzo. O direito penal sob a perspectiva funcional redutora de Eugenio Raul Zaffaroni. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, v. 101, pp. 97–136, 2010.
BROWN, Wendy. Regulating Aversion: Tolerance in the Age of Identity and Empire. Princeton: Princeton University Press, 2006.
BUSATO, Paulo César. O preso como inimigo: a destruição do outro pela supressão da existência. Revista CEJ, Brasília, ANO XVI, n. 57, pp. 95-102, maio/ago. 2012.
BUSSOLINI, Jeffrey. What is a Dispositive? Foucault Studies, n. 10, pp. 85-107, 2010. https://doi.org/10.22439/fs.v0i10.3120.
BUTLER, Judith. Indefinite Detention. In: BUTLER, Judith. Precarious Life: The Powers of Mourning and Violence. London: Verso, 2004. pp. 50–100.
DERRIDA, Jacques. Faith and Knowledge: The Two Sources of Religion at The Limits of Reason Alone. In: DERRIDA, Jacques; ANIDJAR, Gil (org.). Acts of Religion. London: Routledge, 2002. pp. 40–101.
DERRIDA, Jacques. Rogues: Two Essays on Reason. Stanford: Stanford University Press, 2005.
DONZELOT, Jacques; GORDON, Colin. Governing Liberal Societies – The Foucault Effect in the English‐Speaking World. Foucault Studies, n. 5, pp. 48–62, 2008.
DOUZINAS, Costas. The End of Human Rights. Oxford: Hart Publishing, 2000
ESPOSITO, Roberto. Bíos: Biopolitics and Philosophy. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2008a.
ESPOSITO, Roberto. Communitas: The Origin and Destiny of Community. Stanford, Calif: Stanford University Press, 2010.
ESPOSITO, Roberto. Immunitas: Protección y Negación de la Vida. Buenos Aires; Madrid: Amorrortu, 2005.
ESPOSITO, Roberto. Third Person: Politics of Life and Philosophy of The Impersonal. Cambridge, UK: Polity Press, 2012.
ESPOSITO, Roberto. Totalitarianism or Biopolitics? Concerning a Philosophical Interpretation of the Twentieth Century. Critical Inquiry, v. 34, n. 4, pp. 633–644, abr. 2008b. https://doi.org/10.1086/592537.
FARNETI, Roberto. The Immunitary Turn in Current Talk on Biopolitics: On Roberto Esposito’s Bíos. Philosophy and Social Criticism, v. 37, n. 8, pp. 955–962, 2011.
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón: Teoría del Garantismo Penal. Madrid: Editorial Trotta, 1995.
FERRAZ, Fernando. Terza Persona: Esposito e a Filosofia do Impessoal. Griot: Revista de Filosofia, v. 20, n. 1, pp. 264–276, 2020.
FOUCAULT, Michel. A Verdade e as Formas Jurídicas. 3.ed. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2002.
FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade: curso dado no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2005.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, Michel. Segurança, Território, População: curso dado no Collège de France (1977-1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008b.
FROST, Tom. Agamben’s Sovereign Legalization of Foucault. Oxford Journal of Legal Studies, v. 30, n. 3, pp. 545–577, 2010.
GOLDER, Ben; FITZPATRICK, Peter. Foucault´s Law. London: Routledge, 2009.
HART, H. L. A. Punishment and Responsibility: Essays in the Philosophy of Law. Oxford: Oxford University Press, 2008.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da Razão. São Paulo: Editora Unesp, 2016.
HUNT, Alan; WICKHAM, Gary. Foucault and Law: Towards a Sociology of Law as Governance. London: Pluto Press, 1994.
KARAM TRINDADE, André. A teoria do direito e da democracia de Luigi Ferrajoli: um breve balanço do “seminário de Brescia” e da discussão sobre principia iuris. Revista Brasileira de Estudos Políticos, v. 103, n. 0, pp. 111–137, 2011.
KOCHI, Tarik. The Partisan: Carl Schmitt and Terrorism. Law and Critique, v. 17, n. 3, pp. 267–295, 24 jan. 2007. https://doi.org/10.1007/s10978-006-9002-2.
LANGFORD, Peter. Roberto Esposito: Law, Community and The Political. London: Routledge, 2015.
LAPORTA, Francisco. Sobre Luigi Ferrajoli y el constitucionalismo. Doxa: Cuadernos de Filosofía del Derecho, v. 34, n. 0, pp. 167–181, 2011.
LEVI, Primo. É isto um homem?. Rio de Janeiro: Rocco, 2013.
LEVI, Primo; BENEDETTI, Leonardo de. Assim foi Auschwitz: Testemunhos 1945-1986. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
LOIZIDOU, Elena. Criminal Law and Punishment: Indexical Permission. Punishment & Society, v. 6, n. 3, pp. 303–318, 2004. https://doi.org/10.1177/1462474504043634.
MILLER, J. Hillis. Derrida’s Politics of Autoimmunity. Discourse, v. 30, n. 1 & 2, pp. 208–225, 2008.
NALLI, Marcos. A abordagem imunitária de Roberto Esposito: biopolítica e medicalização. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, v. 9, n. 2, p. 39–50, 2012.
O’MALLEY, Pat; VALVERDE, Mariana. Foucault, Criminal Law, and the Governmentalization of the State. In: DUBBER, Markus D. (org.). Foundational Texts in Modern Criminal Law. Oxford: Oxford University Press, 2014. pp. 317–334.
OHANA, Daniel. Günther Jakobs´s Feindstrafrecht: A Dispassionate Account. In: DUBBER, Markus D (org.). Foundational Texts in Modern Criminal Law. Oxford: Oxford University Press, 2014. pp. 353–371.
RAJKOVIC, Nikolas M. ‘Global law’ and Governmentality: Reconceptualizing the ‘rule of law’ as rule ‘through’ law. European Journal of International Relations, v. 18, n. 1, pp. 29–52, mar. 2012. https://doi.org/10.1177/1354066110380966.
ROBERTS, Morley. Bio-politics: An Essay in the Physiology, Pathology and Politics of the Social and Somatic Organism. London: Dent, 1938.
SCISLESKI, Andrea Cristina Coelho; BERNARDES, Anita Guazelli. Sobre Foucault e Agamben: uma reflexão sobre subjetividade, ética e Políticas Públicas. Estudos de Psicologia (Natal), v. 19, n. 2, pp. 89–156, 2014. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2014000200005.
TRÜSTEDT, Katrin. Execution Without Verdict: Kafka’s (Non-)Person. Law and Critique, v. 26, n. 2, pp. 135–154, 2015.
WEIL, Simone. La Personne et le Sacré. Paris: Allia, 2018.
WEIL, Simone. The Need for Roots: Prelude to a Declaration of Duties Towards Mankind. London: Routledge, 2002.
ŽUKAUSKAITĖ, Audrone. Immunity and contagion as two modes of biopolitics. Subjectivity, v. 10, pp. 243-257, 2017.
ZULAIKA, Joseba; DOUGLASS, William A. The terrorist subject: terrorism studies and the absent subjectivity. Critical Studies on Terrorism, v. 1, n. 1, pp. 27–36, 2008. https://doi.org/10.1080/17539150701844794.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Brasileira de Estudos Políticos o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution. Essa licença permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, desde que sem fins comerciais.
É permitido ainda que outros distribuam, adaptem e criem a partir do seu trabalho, sem fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
The authors maintain the copyright and grant the Brazilian Journal of Political Studies the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License. This license allows the sharing of the work with authorship recognition and initial publication in this journal, as long as it is not for commercial purposes.
It is also allowed that others distribute, adapt and create from their work, without commercial purposes, as long as they attribute due credit for the original creation.
Authors are allowed to enter into additional contracts separately for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publish in an institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and initial publication in this journal.
Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online after the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of the published work.