A democracia participativa na Assembléia Nacional Constituinte e na Constituição de 1988
DOI:
https://doi.org/10.9732.2020.v121.846Palavras-chave:
Assembleia Nacional Constituinte, Constituição de 1988, Democracia Participativa, Soberania PopularResumo
No presente artigo discorremos sobre as formas e os resultados relativos aos instrumentos de democracia participativa na Assembléia Nacional Constituinte e na Constituição de 1988. Para tanto examinamos os principais documentos que relatam essa participação. Trata-se de uma abordagem qualitativa, formalizada em duas estratégias: (i) revisão seletiva do material disponíviel na literatura brasileira e na base de dados do Congresso Nacional (ii) estudo dos casos de projetos de lei decorrentes de iniciativa popular apresentados desde a criação da Cosntituição em 1988 e 2013 com a verificação de quantos Projetos de Lei propostos foram convertidos em Lei e como ocorre esse processo. Os principais resultados revelam uma aplicação muito pouco expressiva dos instrumentos de participação direta, com um total de sete Projetos de Lei apresentados onde apenas cinco foram convertidos em lei. Como principal conclusão afirmamos que os instrumentos de iniciativa popular de emendas à Constituição, o plebiscito e o referendo são instrumentos participativos quase desconhecidos dos eleitores brasileiros, cuja prática fortaleceria nossa jovem democracia. Apontamos de lege ferenda para a necessidade de uma reforma constitucional que retire os entraves que hoje dificultam o exercício da democracia participativa. Do ponto de vista metodológico, utilizamos o método histórico e dialético, numa perspectiva interdisciplinar, na qual dialogam o Direito Constitucional, a Sociologia Jurídica e a Ciência Política.
Referências
ARAÚJO, José Cordeiro; AZEVEDO, Débora Bithiah de; BACKES, Ana Luiza (Org.). Audiências públicas na Assembleia Nacional Constituinte: a sociedade na tribuna. Brasília: Edições Câmara, 2009.
AUGUSTO, Luís Gustavo Henrique. Participação social no Legislativo Federal: um estudo da Comissão de Legislação Participativa (CLP), da Comissão de Direitos Humanos e Participação Legislativa (CDH) e da Iniciativa Popular de lei. 2014. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2014. Disponível em: http://hdl.handle.net/10438/13706. Acesso em: 10 mar. 2018.
BARRIENTOS-PARRA, Jorge (Dir.). L’Aube du Brésil. Paris: Société de Stratégi, 2011. (Agir, n. 47; Série Les Grands émergents).
BRASIL. Assembleia Nacional Constituinte (atas de comissões). Ata da reunião de instalação da comissão de sistematização. Brasília: Comissão de Sistematização, 1987a. Disponível em: http://www.senado.leg.br/publicacoes/anais/constituinte/sistema.pdf. Acesso em: 3 maio 2016.
BRASIL. Assembléia Nacional Constituinte. Resolução nº 3, de 1988. Altera o Regimento interno da Assembléia Nacional Constituinte. Brasília: Câmara dos Deputados, 1987b.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Resolução n°17, de 1989. Aprova o Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Brasília: Coordenação de Publicações, 1989. Disponível em: http://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/14117. Acesso em: 10 mar. 2018.
BRASIL. Comissão Provisória de Estudos Constitucionais. Suplemento especial ao nº 185: anteprojeto constitucional, de 26 de setembro de 1986. Diário Oficial da União: seção I, Brasília, DF, n. 198, p.01-61, set. 1986. Suplemento Especial.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2017]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 08 jan. 2017.
BRASIL. Decreto nº 91.450, de 18 de julho de 1985. Institui a Comissão Provisória de Estudos Constitucionais. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 10393, jul. 1985.
BRASIL. Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998. Regulamenta a execução do disposto nos incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 nov. 1998. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9709.htm. Acesso em: 23 abr. 2017.
BRASIL. Projeto de Resolução n. 56, de 2001. Diário do Senado Federal, nº 157, p.28106, 09 nov. 2001. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/diarios/BuscaDiario tipDiario=1&datDiario=09/11/2001&paginaDireta=28107. Acesso em: 12 abr. 2014.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Estatísticas do eleitorado: por sexo e faixa etária. Brasília: TSE, [1988-2019]. Disponível em: http://www.tse.jus.br/eleitor/estatisticas-de-eleitorado/estatistica-do-eleitorado-por-sexo-e-faixa-etaria. Acesso em: 3 maio 2016.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Plebiscito de 1993. Brasília: TSE, [2018]. Disponível em: http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-referendos/plebiscito-de-1993. Acesso em: 23 abr. 2018.
BONATI, Débora; PEIXOTO, Fabiano Hartmann. O incremento da cidadania através do reforço da participação popular e a crescente judicialização da política. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 112, p. 109-146, jan./jun. 2016.
BROWN, Wendy. Undoing the demos: neoliberalism’s stealth revolution. Nova York: Zone Bo-oks, 2015.
COMISSÃO EUROPÉIA. Número mínimo de subscritores por Estado-Membro. [2018]. Disponível em: http://ec.europa.eu/citizens-initiative/public/signatories. Acesso em: 03 mar. 2018.
CARDOSO, Henrique Ribeiro; DE SOUZA, Patrícia Verônica Nunes Carvalho Sobral. Participação popular e controle social: uma análise dos conselhos públicos à luz da teoria habermasiana. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 116, p. 309-349, jan./jun. 2018.
CORADINI, Odaci Luiz. Em nome de quem? recursos sociais no recrutamento de elites políticas. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000. (Coleção Antropologia da Política).
CYRINO, André. Como se fazem as leis? democracia, grupos de interesse e controle de constitucionalidade. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 113, p. 51-99, jul./dez. 2016.
DINIZ. Eli. Voto e máquina política: patronagem e clientelismo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
DUARTE, José. A Constituição Brasileira de 1946, exegese dos textos à luz dos trabalhos da Assembleia Constituinte. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1947. 3 v.
ELLUL, Jacques. Propagandes. Paris: Economica, 1990.
ESPANHA. Constitución Española. Madrid: Agencia Estatal Boletín Oficial del Estado, 1978. Disponível em: https://www.boe.es/legislacion/documentos/ConstitucionCASTELLANO.pdf. Acesso em: 03 fev. 2018.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 3. ed. rev. São Paulo: Globo, 2001.
GUIMARÃES, Ulysses. Íntegra do discurso presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães. Brasília: Câmara dos Deputados, 2006. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/CAMARA-E-HISTORIA/339277--INTEGRA-DO-DISCURSO-PRESIDENTE-DA-ASSEMBLEIA-NACIONAL-CONSTITUINTE,--DR.-ULISSES-GUIMARAES-%2810-23%29.html. Acesso em: 03 fev. 2018.
INFORME JB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 fev. 1987. Política, p.06.
ITÁLIA. Constituição da República Italiana. Costituzione Italiana Edizione in Lingua Portoghese. Roma: Senato della Repubblica, 2018. Disponível em: https://www.senato.it/application/xmanager/projects/leg18/file/repository/relazioni/libreria/novita/XVII/COST_PORTOGHESE.pdf. Acesso em: 03 fev. 2018.
JORNAL DA CONSTITUINTE. Brasília: Câmara dos Deputados, 29 out. – 8 nov. 2013.
JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro: Grupo Globo, 27 dez. 1987.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 7. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
LUNARDI, Soraya Gasparetto; DIMOULIS, Dimitri. A Constituição na sala de espelhos. Revista dos Tribunais, São Paulo, n. 1000, ano 108, p. 215-227, fev. 2019.
OLIVEIRA, Mauro Márcio. Fontes de informações sobre a Assembleia Nacional Constituinte de 1987: quais são, onde buscá-las e como usá-las. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 1993.
PORTUGAL. Constituição da República Portuguesa: VII Revisão Constitucional [2005]. Lisboa: Assembleia da República, [2005]. Disponível em: https://www.parlamento.pt/Legislacao/Documents/constpt2005.pdf. Acesso em: 03 fev. 2018.
PORTUGAL. Lei n.º 17/2003, de 4 de junho de 2003. Iniciativa legislativa de cidadãos. Diário da República: I série-A, Lisboa, n.129, p.3349, 4 jun. 2003. Disponível em: https://dre.pt/application/file/a/553362. Acesso em: 03 fev. 2018.
SANTANO, Ana Claudia; BLANCHET, Luiz Alberto. 30 anos de redemocratização e o desenvolvimento da participação política em tempos de democracia: o caso do Decreto nº 8.243/2014 e a sua rejeição pelo Congresso Nacional. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais, Belo Horizonte, v. 9, n. 32, p. 999-1022, maio/ago. 2015.
SANTIN, Janaína Rigo. Estado, Sociedade Civil e Legitimação do Poder. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 111, p. 247-274, jul./dez. 2015.
SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 7.ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
SUÍÇA. Constitution Fédérale de la Confédération Suisse du 18 avril 1999. Berne: Le Conseil fédéral, 23 sept. 2018. Disponível em: https://www.admin.ch/opc/fr/classified-compilation/19995395/. Acesso em: 03 fev. 2018.
TRATADO da União Européia (versão consolidada). Jornal Oficial da União Europeia, 07 jun. 2016. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:9e8d52e1-2c70-11e6-b497-01aa75ed71a1.0019.01/DOC_2&format=PDF. Acesso em: 03 fev. 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem à Revista Brasileira de Estudos Políticos o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution. Essa licença permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista, desde que sem fins comerciais.
É permitido ainda que outros distribuam, adaptem e criem a partir do seu trabalho, sem fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
The authors maintain the copyright and grant the Brazilian Journal of Political Studies the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License. This license allows the sharing of the work with authorship recognition and initial publication in this journal, as long as it is not for commercial purposes.
It is also allowed that others distribute, adapt and create from their work, without commercial purposes, as long as they attribute due credit for the original creation.
Authors are allowed to enter into additional contracts separately for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (e.g., publish in an institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and initial publication in this journal.
Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online after the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of the published work.