O que resta da senzala?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.9732/2023.V127.900

Palavras-chave:

Guerra às drogas, Necropolítica, Racismo, Mercado varejista, Campos de exceção

Resumo

Este artigo pretende analisar a guerra às drogas como dispositivo necropolítico, considerando a territorialização das populações vulneráveis nos centros urbanos das cidades pós-coloniais e a implicação dos dispositivos securitários para racialização da desigualdade e para o prolongamento do extermínio. Para tanto, propõe-se uma investigação teórica da biopolítica enquanto racismo de Estado, partindo dos mercados varejistas de drogas como campo de estudo. Assim, pode-se compreender as conclusões críticas que aproximam o projeto republicano brasileiro com a vigência perene de campos de exceção.

Biografia do Autor

Marco Antônio Sousa Alves, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor Adjunto de Teoria e Filosofia do Direito e do Estado da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFMG). Doutor em Filosofia pela UFMG, com estágio de pesquisa na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS/Paris). Mestre em Filosofia e bacharel em Direito e em Filosofia pela UFMG. Coordenador do Grupo Filosofia, Direito e Poder (GFDP).

Zilda Manuela Onofri Patente, Universidade Federal de Minas Gerais

Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre e Bacharel em Direito pela UFMG. Orientadora de Direito Penal na Divisão de Assistência Judiciária da UFMG (DAJ/UFMG). Orientadora Jurídica na Diretoria de Relação com os Sistemas de Garantia de Direitos e de Justiça da Subsecretária de Assistência Social do Município de Belo Horizonte (DRDG/SUASS).

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

Sousa Alves, M. A., & Onofri Patente, Z. M. (2023). O que resta da senzala?. Revista Brasileira De Estudos Políticos, 127(2). https://doi.org/10.9732/2023.V127.900

Edição

Seção

Artigos