3 abr 2019 - 20h39

ALUNAS DA POS-GRADUAÇÃO APRESENTARÃO TRABALHO NA NEW SCHOOL FOR SOCIAL RESEARCH EM NEW YORK

As alunas do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFMG Joyce Karine de Sá Souza, doutoranda, e Ana Clara Abrantes Simões, mestranda, membros do Grupo de Pesquisa O Estado de Exceção no Brasil Contemporâneo, sob orientação do Professor Doutor Andityas Soares de Moura Costa Matos, apresentarão o trabalho “Kurdish women: radicality, des-institution and an-archy in the Middle East” aprovado para exposição na Eighth Annual Radical Democracy Conference: What is Feminist Politics? (https://socialhistoryportal.org/news/articles/309568). A pesquisa desenvolvida pelas alunas propõe investigar o movimento democrático radical, com foco no protagonismo feminino curdo, em curso no seio do Oriente Médio, especificamente em Rojava (Rojavayê Kurdistanê).

A conferência ocorrerá na cidade de Nova York, Estados Unidos, nos dias 26 e 27 de abril de 2019, e será sediado na The New School of Social Research. A universidade, fundada em 1919 por Charles Beard, John Dewey, James Harvey Robinson e Thorstein Veblen, bem como a conferência que promove, são internacionalmente reconhecidas pela formação de vanguarda no pensamento crítico. A conferência já recebeu palestrantes como Michael Hardt e Andreas Kalyvas. Além disso, o histórico do corpo docente e de pesquisadores recebidos pela The New School of Social Research conta com nomes como Hannah Arendt e Claude Lévi-Strauss e, na década de 1930, a instituição desenvolveu um programa de apoio emergencial aos intelectuais ameaçados pelo nazismo na Europa, o que fez com que Thomas Mann, durante conferência no instituto em 1937, sugerisse que o novo lema da universidade fosse “to the living spirit”, em homenagem a todos que, como ele, encontravam-se sob exílio.

Em tempos nos quais o pensamento crítico se encontra seriamente ameaçado, assumir uma postura filosófica radical implica demonstrar que o espírito parresiasta não se desvincula da pesquisa. É com esse ânimo que Joyce e Ana investigam e divulgam a luta das mulheres curdas que, entre os ataques da Turquia e o rápido avanço do Estado Islâmico, abre espaço para uma ação política com especial protagonismo feminino em Rojava, negando os pilares clássicos da sociedade capitalista e do estado soberano assentados nas noções de hierarquia, representação e poder patriarcal do macho dominante. É preciso compreender, portanto, como as lutas dessas mulheres se conectam com nossas realidades uma vez que, apesar de aparentemente distantes, aproximam-se pelo desejo de realização da liberdade em um contexto cada vez mais intolerante com aquelas e aqueles que lutam, em distintos frontes de batalha, por espaços a-nômicos, abertos e plurais que, dessa forma, rompem com mecanismos separadores, hierarquizadores e que privilegiam estruturas totalitárias. Como disse Sun Tsé, citado por Guy Debord em Comentários sobre a sociedade do espetáculo, “por mais críticas que sejam a situação e as circunstâncias, não aceite o desespero; nas ocasiões em que tudo leva ao medo, não se deve ter medo de nada; quando se está rodeado de perigos, não se deve temer perigo algum; quando já se esgotaram os recursos, deve-se contar com todos os recursos; quando se é surpreendido, deve-se surpreender o próprio inimigo.”

Soreşa Rojavayê!